NOTA POLÍTICA Contra o Sistema de Avaliação “Se Liga” e a Fraude Educacional na Rede Pública Estadual do Paraná

NOTA POLÍTICA

Contra o Sistema de Avaliação “Se Liga” e a Fraude Educacional na Rede Pública Estadual do Paraná


*Luiz Antonio Sypriano


Identificação e Contextualização

Existem muitas denúncias graves de professores e professoras da Rede Pública Estadual de ensino do Paraná sobre a implementação do sistema de avaliação denominado Se Liga, imposto pelo governo Ratinho Jr. de forma autoritária, sem debate com a comunidade escolar e em total desrespeito à autonomia pedagógica das escolas.

Essas denúncias não podem, em hipótese alguma, ser tratadas como fatos isolados. Elas revelam um método de gestão educacional baseado na coerção, na manipulação de dados e na precarização do trabalho docente.


Denúncias e Irregularidades

Há indícios consistentes de fraude educacional, envolvendo:

  • Lançamento de presença de estudantes que não frequentaram as aulas;

  • Alteração de notas e registros avaliativos com o objetivo de inflar artificialmente índices de aprovação e atender metas impostas pela Secretaria de Estado da Educação.

Isso não é recuperação pedagógica!
O que se percebe é a maquiagem de dados, produzida para alimentar propaganda governamental e justificar políticas educacionais fracassadas.

As denúncias também apontam para um cenário de assédio institucional sistemático. Professores, professoras e equipes pedagógicas relatam pressões constantes para atingir metas irreais, sendo constrangidos a aprovar estudantes sem que haja condições reais de aprendizagem. O resultado é o adoecimento físico e emocional dos trabalhadores da educação e o esvaziamento do sentido pedagógico da escola pública.


Precarização e Silenciamento

A situação é ainda mais cruel para os professores contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS). Esses profissionais vivem sob ameaça permanente de retaliação, com medo da não renovação de contratos, do desemprego e do silenciamento forçado. A precarização deixou de ser exceção e passou a ser método de gestão do governo estadual.


Posicionamento Político

Reafirmamos, diante desse quadro caótico em que se encontra a Educação no Paraná que a:
Educação pública não é número para propaganda.
Educação é direito social, é processo formativo, é responsabilidade do Estado.

Portanto, nenhum sistema de avaliação pode ser imposto à custa da fraude, do assédio e da destruição das condições de trabalho docente. Nenhuma política educacional pode violar a ética pedagógica e a dignidade dos profissionais da educação.


Providências e Encaminhamentos

Diante da gravidade dos fatos, precisamos oficializar ao Ministério Público do Paraná, solicitando:

  • A apuração rigorosa das irregularidades denunciadas;

  • A proteção integral dos professores e professoras denunciantes;

  • A responsabilização administrativa, civil e penal dos envolvidos, sobre as denúncias.


Seguiremos fiscalizando
Para tanto, não aceitaremos que a Educação Pública do Paraná seja fraudada às custas do adoecimento de quem ensina e do comprometimento do futuro de quem aprende.

Porque entendemos que a Educação Pública se constrói com democracia, valorização profissional e compromisso com a aprendizagem real — não com autoritarismo, metas fictícias e manipulação de dados.


*(Professor de Filosofia da Rede Pública Estadual do Paraná)

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