Colonialismo, Nacionalismo e Imperialismo na Crítica Marxista sobre o Estado Terrorista de Israel

Colonialismo, Nacionalismo e Imperialismo na Crítica Marxista sobre o Estado Terrorista de Israel
Luiz Antonio Sypriano*

    Os temas presentes nos estudos sobre o colonialismo, nacionalismo e o imperialismo que se desencadeia na luta de classes, será fundamentado na obra de SPILIMBERGO, Jorge Enea n' A Questão Nacional em Marx.
  Estudo este que parte do pressuposto, dito por Spilimbergo (2022), na sua afirmação de que todo o acontecimento social, historicamente demarcado, "levam a marca de uma determinada estrutura social"; e ainda faz saber que na "sua peculiar inserção de cada classe, [impregna toda] sua visão de mundo, sua experiência e interesses" (p.18)¹; contrário ao que se propaga na ideologia burguesa"...com sua tendência de fixar na 'natureza' o que são só categorias históricas." (p.14). Em particular se estudará o percurso da burguesia na consolidação do modo de produção capitalista em diversas regiões do planeta.
    Para se contrapor à hegemonia burguesa-capitalista, buscar-se-á fundamentar na teoria do marxismo, levando em conta que "...não só o marxismo interpretou cientificamente a nação e seu movimento histórico, senão que ninguém encontrará, fora dele, resposta adequada para os problemas colocados pela existência da comunidade nacional." (p.17). Isto porque o marxismo nos traz o que há de melhor "...como expressão teórica do movimento revolucionário do proletariado, [que] não aspira eternizar e sim suprimir a condição salarial." (p.16), das relações de exploração capitalista. Por causa de que no marxismo, além de utilizar-se da "sua metodologia dialética", também desvela o "fetichismo² que inibe os nacionalistas e o pensamento burguês em geral." (p.16), marcado pelo antagonismo da classe burguesa.
    Outrossim, segundo Spilimbergo (2002), ao fazer-lhe a crítica sobre essa ideologia burguesa do nacionalismo, aponta "...que os nacionalistas eram incapazes de elaborar uma teoria científica sobre a nação." Pela razão muito simples de que, "ao considerá-la uma realidade absoluta, abstraem-na da história e a convertem num fetiche." (p.15). Demonstra-se, aqui, o desinteresse da ideologia burguesa em tratar com profundida a questão regional e nacional dos territórios, porque simplesmente a querem utilizá-la para à sua ambição de lucros na lógica de sua acumulação de capital.
    Por isto, nos adverte ainda o autor citado, ao afirmar que "muitos dos que hoje são chamados nacionalismo, são nacionalismos programáticos". (p.15); que, por definição, trata-se de uma "...tendência de conglomerados não definidos nacionalmente a aglutinar-se em comunidades modernas segundo o modelo europeu." (p.15), ou seja, com um padrão europeu imposto as outras nações não-europeias, para o controle da ordem burguesa-capitalista e do mercado como um todo.
    Por conseguinte, todo esse movimento nacionalista tem como protagonista a burguesia medieval e comercial; tida como classe revolucionária, frente à formação social do feudalismo, a burguesia "...luta para garantir o seu domínio do mercado interno." (p.23); quando esta classe dominante, para preservar a sua ordem, "exige um regime liberal e representativo [politicamente], porque o individualismo político complementa e salvaguarda o liberalismo econômico baseado na competição mercantil, na livre contratação e liberdade de trabalho e indústria, indispensáveis para o desenvolvimento fabril e comercial." (p.23) O que lhe possibilita a acumulação de capital para a sua reprodução perpétua.
    Para tanto, no que trata da expansão territorial, "melhor fazia a burguesia em sua época revolucionária, quando abolia as fronteiras para ajudar seus irmãos de causa, ali onde estivessem, sem falar da moderna Santa Aliança³ intervencionista montada pelo imperialismo norte-americano." (p.17) Ou seja, as nações, sob o domínio e as ordens burguesas, se aliam em função da consolidação de sua formação social e seu modo de produção, em expansão, pelo mundo afora.
    Na questão do nacionalismo burguês"ao promover a unidade (ou a independência) nacional, a burguesia não luta por um simples princípio abstrato, mas por seus próprios e inadiáveis interesses materiais, que nesta etapa histórica coincidem com os do resto da população." (p.23) (que lutavam contra a opressão feudal) - ou seja, o poder político e econômico.
    Porém, na sua estratégia de expansão do mercado capitalista, a partir da Europa, a burguesia "negava aos povos [dominados] o direito de governarem-se a si mesmos, não reconhecia para as nações a faculdade para decidir seus próprios destinos. Aqui as dispersava, acolá as anexava." (p.22), conforme seus interesses econômicos.
    E, nas colônias em processo de independência"efetivamente, um país fragmentado numa nuvem de pequenas soberanias cai sob a órbita daqueles outros que já cumpriram sua centralização política, ainda que não se produza uma ocupação efetiva." (p.22) Quando, na História do Brasil, "...o pau-brasil, o açúcar, o ouro, os diamantes, a borracha e os escravos globalizaram o Brasil e o batizaram antes que os teóricos imperialistas desdobrassem suas asas de galinha." (p.13)
    Contra todos esses arroubos do capitalismo e seus derivados é que a reação da classe trabalhadora se coloca como arauto da defesa da comunidade humana; esta, por sua vez, "precede a luta de classes e também o fazem, portanto, os sentimentos que são sua consequência (amor ao grupo, cultura comunitária etc.)." (p.19)
    Isto porque "...a dialética classista, que é posterior a existência da comunidade humana, engendra as formas históricas dessa comunidade e suas expressões políticas (polis, império, feudo, principado, Estado nacional etc.)." (p.19) Neste método marxista, "o que Marx destaca é a pluralidade das sociedades históricas, a historicidade do 'conceito' homem." (p.18)
    Portanto, "...toda luta nacional deve explicar-se pela luta de classes no seio da comunidade em geral." (p.19)

NOTAS
*Professor de Filosofia, Pesquisas em Filosofia e Educação, com Pós-Graduações.
-O que está sublinhado no texto, seja em negrito e itálico, são da própria autoria.
1.(   ) Páginas da obra que fundamenta o texto.
2.Culto de objetos que se supõe representarem entidades espirituais e possuírem poderes de magia.
3.Santa Aliança: foi uma coalizão que unia as grandes potências monarquistas da Áustria, Prússia e Rússia. Foi criada após a derrota final de Napoleão a mando do Imperador Alexandre I da Rússia e assinada em Paris em 26 de setembro de 1815.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SPILIMBERGO, Jorge Enea. A Questão Nacional em Marx. Florianópolis : Insular, 2002. Disponível em <file:///C:/Users/Asus/Downloads/488550395-A-Questao-Nacional-Em-Marx-Jorge-Enea-Spilimbergo%20(1).pdf>; Acesso em <18/10/2023>.

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