A Moral em F. Nietzsche

 A Moral em F. Nietzsche

*Luiz Antonio Sypriano


"Mas aquilo que é grande no homem é que ele é uma ponte e não um fim; o que pode ser amado no homem é que ele é uma transição e um ocaso. Eu vos digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." (F. Nietzsche. Assim Falou Zaratustra. Adaptado.)


Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um filósofo alemão do século XIX, conhecido por suas ideias provocativas e críticas à moral e à ética tradicional, que foram fundamentadas nos pensadores da Filosofia Clássica grega e do cristianismo.

Nietzsche desafiou muitos dos valores morais e éticos predominantes em sua época; e antecipou como eles seriam questionados na sociedade contemporânea, como na sua questão: de um verdadeiro filósofo

"Até agora, portanto, ninguém examinou o valor do mais célebre dos medicamentos, que se chama moral: isso requer, antes de tudo - pô-lo em questão. Muito bem! Este é justamente o nosso trabalho.(Nietzsche, em 'A Gaia Ciência', §345)

Por isso, o filósofo defendia a análise crítica da moral vigente, que se entende como única e universal, para propor a transvaloração de valores, onde há uma reavaliação da moral.

Nietzsche via na moralidade tradicional uma tentativa de ocultar os impulsos naturais do homem em prol de uma falsa ideia de bondade e virtude; em que tentava reprimir essa força vital em nome de valores que enfraquecem a vitalidade humana.

Por isso, via a moralidade como uma construção humana que poderia ser reinterpretada e reavaliada em diferentes contextos; para tanto, encorajava a busca pela "afirmação da vida" e a superação das noções tradicionais de certo e errado.

Em que apontou o termo "ressentimento" para descrever a hostilidade reprimida que surge quando somos forçados a negar nossos desejos e instintos.

Ao mesmo tempo explorou o conceito de "além do bem e do mal", sugerindo que a moralidade não deve seguir regras fixas, mas sim refletir o que as pessoas - por elas mesmas - acreditam ser o certo.

Ao que propôs uma ética baseada na afirmação da própria vontade de poder e na busca pela autenticidade, ou seja, a "vontade de poder", que é o impulso fundamental contido em todos os seres vivos.

Se Nietzsche usa a palavra ressentimento para descrever o sentimento que surge quando os indivíduos não podem expressar seus desejos e instintos devido às restrições morais, propôs, para contrapô-la, a "transvaloração de valores", isto é, uma reavaliação das normas morais, como um processo de reavaliar e redefinir valores morais para permitir a expressão mais plena da vontade de poder.

        Quando vai afirmar a importância da crítica à instituição da moral:

"Enunciemo-la, esta nova exigência: necessitamos de uma crítica dos valores morais, o próprio valor desses valores deverá ser colocado em questão - para isto é necessário um conhecimento das condições e circunstâncias nas quais nasceram, sob as quais se desenvolveram e se modificaram.(Nietzsche, em 'Genealogia da Moral', §6)

Por conseguinte, ao avaliar valores de forma autêntica e consciente, se fará um caminho para se tornar um sujeito ético! Isto porque a sua Filosofia é a de descobrir o eu interior para a vida plena.

Assim, quando Nietzsche criticou a noção de que existe um conjunto absoluto de valores morais que se aplicam universalmente, era para encorajar uma reavaliação constante das normas morais conforme os contextos individuais e culturais. 

Já em nosso contexto, aproveitando o momento eleitoral, a partir das lições do filósofo, podemos dizer que é preciso entender que a política não é movida pelos apelos morais, tendo em vista o que é moral e imoral nada mais são do que a potência em ação.


*(Professor de Filosofia da Seed-Pr).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ANÁLISE DO “NOVO” DECRETO Nº 8.222/2024 - GTE - COMO MAIS UMA DAS FORMAS DE INTENSIFICAÇÃO DA PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE

O SENTIDO DA PALAVRA NA LINGUAGEM PARA WITTGENSTEIN