As Forças Armadas e o Bolsonarismo contra a Nação Brasileira: a farsa que não se repetiu como tragédia de 1964
As Forças Armadas, no Brasil, estão orientadas, de alguma forma, por alguns pressupostos, como: conceito de Segurança Hemisférica, orientada pelos EUA; Ideologia de Segurança Nacional, cujo inimigo é a classe trabalhadora, impondo ao Brasil uma ditadura de mais de 20 anos; o comando dos tais "filhotes" da ditadura empresarial-militar de 1964-1985; e, por último, quando o conjunto delas estão impregnadas de um liberalismo econômico, incompatível com a posição do Brasil na Divisão Internacional do Trabalho, de subserviência de produtos básicos às indústrias do imperialismo.
Essas bases ideológicas das Forças Armadas sempre estiveram na pauta do dia; isto porque, antes mesmo de Bolsonaro ser candidato a Presidente da República, já se pregava que a solução para o país era a de passar por um outro golpe militar, ao estilo do que já tinha ocorrido em 1964, mesmo que tivesse que morrer 30 mil pessoas etc.; o que ficou comprovado durante a sua campanha eleitoral e no seu mandato como Presidente (2019-2022), expressas em suas políticas de genocídio e de empobrecimentos da grande maioria da população e, por fim, de dependências ao império estadunidense.
Importa destacar, por conseguinte, diante da crise estrutural do capital, assim como da nossa República apodrecida, que, segundo Iasi, o Bolsonaro e as instituições dessa República são a expressão acabada da crise do capitalismo. Porque, daí, pode-se analisar toda a lógica desse movimento do bolsonarismo.
Assim posto, afirma-se que as Forças Armadas começam a se inserir diretamente na campanha presidencial do Bolsonaro na medida em que aceitam participar diretamente do seu governo, com papel protagonista, como a dos generais Mourão - na Vice-Presidência -, Braga Neto, Heleno - golpista -, Pazuelo etc., em cargos estruturais de comando, com mais de 6 mil cargos distribuídos aos militares da alta patente, que atuaram no governo.
Com isso, gerou-se uma cumplicidade direta dos militares com o bolsonarismo. O que se pode dizer, com certeza, é que parte delas - a que participou organicamente do governo Bolsonaro -, estava comprometida diretamente com o seu governo.
Assim, no seu mandato como Presidente, Bolsonaro foi pontuando o tempo todo com ameaças e interrupções do processo democrático institucional, com falas do tipo de que cabo e sargento irão fechar o STF, nas manifestações dos 7 de setembro e, o mais grave ainda, no questionamento ao processo eleitoral, sendo o mesmo sistema que o havia eleito.
Além disso, existia sempre o vínculo ao chamamento de seus eleitores e às Forças Armadas para dar o golpe de estado, como os transcorridos nas manifestações diversas dos bolsonaristas, nos acampamentos em frente aos quarteis e no 8 de janeiro.
Agora, o que precisa ser pontuado, devido aos lampejos golpistas de Bolsonaro, em todos os momentos de suas intempéries mentalidades, que estes não fossem do conhecimento da alta patente das Forças Armadas; e, no período de seu governo, de seus Ministros Militares, que tinham ligações orgânicas, como o general Braga Neto - que não é um personagem menor na hierarquia das FAs. Então, se precisaria investigar detidamente se, de fato, era um comportamento majoritariamente de toda as corporações, ou de apenas alguns dos seus segmentos, como a do almirante Almir G. Santos.
Daí, a importância em se destacar esses pilares que sustentaram o governo de Bolsonaro, a saber: as Forças Armadas (quando não há golpe no Brasil, sem a participação ativa dessa instituição militar?); o grande Capital Monopolista Imperialista; o aparato midiático, como a Joven Paz, a Record, influenciadores etc.; as milícias; e, o agronegócios.
Porém, nesses três primeiros pilares - destacados acima -, o bolsonarismo teve alguns problemas; porque, ao tentar copiar a conjuntura de 1964, não teve o devido suporte para consolidar o golpe do seu intento.
(Já em 1964, quando foi um momento dramático da nossa História, haviam as crises do capital, da democracia burguesa, momentos de ascensão dos Movimentos Sociais, da Internacional Guerra Fria (EUA x URSS); o que fez com que se aliassem, nesta época, todas essas bases, para a efetivação do golpe, despontada como a grande tragédia para a Nação brasileira.)
Porém, a farsa de agora estava em não contar mais com o apoio das Forças Armadas, por exemplo; devido ao seu fracasso institucional, ao embarcarem em uma canoa furada, deste governo corrupto, genocida, miliciano, fundamentalista ... que apenas contava com um resquício do capital que se aliava ao crime organizado da grilagem de terras, exploradores de minérios, madeiras etc., que têm enorme desprezo à Nação, sem falar no fundamentalismo religioso e as milícias.
Como agora, e em 1964, há uma grande diferença, quando estes setores das Forças Armadas não dispunham mais de forças mobilizadoras para uma grande massa, no sentido de promover um golpe de estado, para instituírem uma outra ditadura empresarial-militar, assim como o grande capital e muitas das mídias oficiais.
É certo que o poder dos militares, e sua instituição, nos mantém vulneráveis à política; pois, sempre estamos com o temor de um novo golpe militar; quando constantemente os bonsominions recorrem ao Artigo 142 de nossa Constituição Federal de 1988, e que não apontam as legislações complementares - constituídas - que anulam essas suas pretensões golpistas; tão desconhecidas pela população em geral.
Por outro lado, como é o caso recente, a cúpula das Forças Armadas não precisaria da Deleção do Tenente Coronel Mauro Cid para saber que toda ela se fundamentam na concepção política autoritária e, nunca Democrática; isto porque a alta hierarquia militar não defendem o Estado Democrático de Direito.
Entretanto, o grande responsável pelo fracasso do golpe foi a própria figura do bolsonaro, quando não ofereceu ao grande capital imperialista uma devida tranquilidade que lhe desse garantia do investimento para o golpe, da mesma forma quando ocorreram com as cisões nas Forças Armadas e nas grandes mídias.
O "erro" (sic) político de bolsonaro, na sua gestão, foi em não seguir as suas bandeiras de campanha, que foi o conservadorismo moralizantes, o combate à corrupção, para aventurar-se nas críticas às instituições dessa República burguesa, até então já tão apodrecida; por outro lado, promoveu um movimento de massas pela via da barbárie, gerando instabilidades e desconfianças no capital e nas Forças Armadas, ocasionando descontroles e desordens para a ordem dominante capitalista.
Mas, a única preocupação que se tem, agora, é que o bolsonarismo despertou, do ovo da serpente, os fundamentalista reacionário e conservadores, que atuam em múltiplas instituições; ao se colocarem em prontidão a servirem de mercenários para movimentos reacionários e golpistas.
Diante disto, as Forças Armadas e, por sua vez, o Ministro Múcio, vem trabalhando - com a habilidade que lhe é peculiar -, de que aquela instituição já vem considerando que deve entregar algumas cabeças, para não ser prejudicada por completo. Por exemplo, a posição deles sobre o Tenente Coronel Cid e seu pai, já se alterou, devido às provas substanciais do tráfico de joias, quando ficaram indefensáveis suas imagens diante da opinião pública; da mesma forma de quem participou diretamente e forem condenados, receberão as devidas penas institucionais.
Então, para segurar esse ímpeto golpista das Forças Armadas, a partir das provas e julgamentos, é preciso condenar esse Núcleo golpista que é parte orgânica do bolsonarismo. Mas, a questão imperativa é essa: a tutela militar no processo político brasileiro ficará mais ou menos intacta a partir desse contexto?
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BANDEIRA, Moniz. O caminho da revolução brasileira. Disponível <file:///C:/Users/Asus/Downloads/MonizBandeira-Caminho-Da-Revolucao-Brasileira%20(1).pdf>.
BRASIL DE FATO. Bolsonaro autoriza entrada de militares EUA para exercício militar no Vale do Paraíba. Disponível <https://www.brasildefato.com.br/2021/10/14/bolsonaro-autoriza-entrada-de-militares-dos-eua-para-exercicio-militar-no-vale-do-paraiba#:~:text=As%20tropas%20dever%C3%A3o%20fazer%20exerc%C3%ADcios,%2C%20na%20sigla%20em%20ingl%C3%AAs)>; Acesso <28/09/2023>.
FERNANDES, Florestan. O que é Revolução. São Paulo:Expressão Popular,2018. Disponível <file:///C:/Users/Asus/Downloads/Florestan%20Fernandes%20-%20O%20que%20%C3%A9%20revolu%C3%A7%C3%A3o.pdf>.
HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções. 33. ed. São Paulo:Paz e Terra, 2015. Disponível <file:///C:/Users/Asus/Downloads/A%20Era%20das%20Revolu%C3%A7%C3%B5es%20(1789%20-%201848)%20Eric%20Hobsbawm.pdf>.
IASI, Mauro. Entrevista: Faixa Livre. 27/09/2023. Disponível <https://www.youtube.com/watch?v=br7G_IrImEY>.
MAGALHÃES, Couto de. O Selvagem. Disponível <file:///C:/Users/Asus/Downloads/O%20Selvagem%20-%20General%20Jos%C3%A9%20Vieira%20Couto%20de%20Magalh%C3%A3es.pdf>.
OLIVEIRA, Franklin de. Revolução e Contra-Revolução no Brasil. Disponível <https://documentosrevelados.com.br/wp-content/uploads/2018/12/franklin-de-oliveira-revolucao-e-contra-revolucao-no-brasil.pdf>.
OURIQUES, Nildo D. Entrevista: Faixa Livre. 26/07/2023. Disponível <https://www.youtube.com/watch?v=Cm4mMGO8MI8>; Acesso <26/09/2023>.
OURIQUES, Nildo. O inimigo aparente. Disponível <http://nildouriques.blogspot.com/2023/08/>; Acesso <29/09/2023>.
SILVA, Francisco C. T. da. Entrevista: Uol - Análise da Notícia. 26/09/2023. Disponível <https://www.youtube.com/watch?v=KwpZoVJzN0Y&t=2323s>; Acesso: 26/09/2023>.
Comentários
Postar um comentário