A Lógica da Acumulação Privada de Capital no Capitalismo
Busca-se elaborar um texto didático, extraído de O Capital, de Karl Marx, que irá tratar da lógica da acumulação privada de capital no capitalismo; é o que se pretende apresentar a seguir.
Parte-se, portanto, da origem do dinheiro, que se dá com "a circulação de mercadorias [, tendo como agente a burguesia comercial, desde o Feudalismo, que] é o ponto de partida do capital ... [; quando a] produção de mercadorias [- a partir do seu amplo crescimento -] e circulação desenvolvida de mercadorias - o comércio - formam os pressupostos históricos a partir dos quais o capital emerge ... [num crescente, fazendo com que] o comércio e o mercado mundiais inauguram, no século XVI, a história moderna do capital." (p. 223).
Desta acumulação de riqueza privada capitalista, com o comércio desenfreado de mercadorias, pela burguesia comercial, fará com que, pela ânsia por mais lucros, ela invista na produção, através das fábricas nacionais, a fim de multiplicar exponencialmente os seus lucros.
Em que Marx assinala que "o modo de surgimento da manufatura, sua formação a partir do artesanato, é portanto duplo" (p. 413), quais sejam:
1º "ela parte da combinação de ofícios autônomos e diversos, que são privados de sua autonomia e unilateralizados até o ponto em que passam a constituir meras operações parciais e mutuamente complementares no processo de produção de uma única e mesma mercadoria"; e, de outro,
2º "ela parte da cooperação de artesãos do mesmo tipo,
decompõe o mesmo ofício individual em suas diversas operações particulares, isolando-as e autonomizando-as até
que cada uma delas se torne uma função exclusiva de um
trabalhador específico." (p. 413).
Na análise de Marx, deste processo de constituição da manufatura, nos vai dizer que "a manufatura introduz a divisão do trabalho num processo de
produção, ou desenvolve a divisão do trabalho já existente;
por outro, ela combina ofícios que até então eram separados." (p. 413).
Nessa lógica da produção de mercadorias, transformada em capital, Marx vai nos alertar para o fato de que "todo novo capital entra em cena - isto é, no mercado, seja ele de mercadorias, de trabalho ou de dinheiro - como dinheiro, que deve ser transformado em capital." (p 223). Ganha força e forma o Mercado no capitalismo.
Como no capitalismo funciona a lógica da acumulação; portanto, a sua equação será a seguinte: "a forma D-M-D, conversão de dinheiro em mercadoria e reconversão de mercadoria em dinheiro, comprar para vender. O dinheiro que circula deste último transforma-se, torna-se capital e, segundo a sua determinação, já é capital." (p. 224). E a aqui aparece o monstro Mefistófeles do capitalismo.
Por conseguinte, na produção manufatureira de mercadorias, a força de trabalho tem papel fundamental como sujeito do processo: Marx aponta sobre o trabalho manufatureiro que, "... seja qual for seu ponto de partida particular, sua configuração final é a mesma: um mecanismo de produção, cujos órgãos são seres humanos." (p. 413), quando dá-se início a exploração capitalista sobre a classe trabalhadora - a luta de classes.
Em que a burguesia capitalista vai-lhe cobrar imensamente a produção de mercadorias, com "o prolongamento da jornada de trabalho além dos limite do dia natural". Quando, porém, "apropria-se de trabalho 24 horas por dia é, assim, o impulso imanente da produção capitalista." (p. 329).
Porém, "como é fisicamente impossível sugar as mesmas forças de trabalho continuamente dia e noite, ela necessita, a fim de superar esse obstáculo físico, do revezamento" entre os trabalhadores, com métodos distintos, que possibilitem alternarem-se entre turnos. (p. 329-330).
Independente de preceitos e orientações clínicas, "em seus impulso cego e desmedido, sua voracidade de lobisomem por mais trabalho, o capital transgride não apenas os limites morais da jornada de trabalho, mas seus limites puramente físicos." (p. 337).
Isto porque "o capital não se importa com a duração de vida da força de trabalho." Mas, indiscutivelmente, "o que lhe interessa é única e exclusivamente o máximo de força de trabalho que pode ser posta em movimento numa jornada de trabalho." (p. 338), com o intuito de obter mais valia.
Daí, que se estrutura no Estado o mecanismo capaz de organizar este exército de força de trabalho e lhe por ordem, para que a burguesia possa alcançar a realização plena do faraó e o monarca absoluto.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MARX, Kar. O Capital. L. I. São Paulo : Boitempo; 2013.
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