Reflexão Sobre o Suposto Suicídio da Atleta Walewska (21/9) a partir do Ensaio de Karl Marx (1846) sobre a Opressão da Mulher
O que será apresentado, neste texto, é uma breve reflexão sobre o comportamento do suicida, baseando-se no pequeno Ensaio de Karl Marx (1818-1883) e, ao mesmo tempo, o caso recente da atleta brasileira Walewska Oliveira. Além disso, pesquisando reportagens sobre o tema, constatou-se a elevação de casos em todo o planeta, principalmente na América Latina e Brasil.
O Ensaio "Sobre o Suicídio", de Marx, de 1846, trata de uma coleção informal de incidentes e episódios de suicídios na vida privada, seguidos de alguns comentários, escritos por J. Peuchet (1758-1830), que era um antigo diretor dos Arquivos da Polícia sob a Restauração francesa (1814-1830). Nele, com sua visão arguta e crítica radical da sociedade, contribui, a partir do Relato, com a Introdução, as seleções dos casos dos suicídios, assim como nas modificações introduzidas pela tradução do francês e nos comentários com que analisou o Documento.
Para tanto, Marx vai escolher três casos de suicídios femininos e um masculino. Entretanto, a principal questão social discutida em relação ao suicídio é a opressão das mulheres nas sociedades modernas burguesa capitalista, vítimas do patriarcado, ou, da tirania familiar, uma das formas de poder arbitrário que não foi derrubado pela Revolução Francesa (1789).
A razão do Ensaio sobre o Documento é porque traz consigo série de críticas que lhe dão sustentação para compreender melhor a sociedade na qual está inserido. Dela menciona os males econômicos do capitalismo, que explicam muitos dos suicídios, devido os baixos salários, o desemprego, a miséria ... a que vivem a classe trabalhadora. Da mesma forma ressalta igualmente as manifestações de injustiça social que não são diretamente econômica, mas dizem respeito à vida privada, também, de indivíduos não-proletários.
Em nossa época trago a baila o suposto suicídio da atleta, ex-jogadora de vôlei Walewska Oliveira, de 43 anos, que faleceu na noite da última quinta-feira, 21/09, "jogando-se" do prédio onde residia; assim como muitas outras, ela vivia uma situação de tensão em sua vida.
Já na época de Marx, a organização da sociedade, para as mulheres, era imposta por séries de regras e moralidade, como o Código Napoleônico, de 1804, que reúne as leis ligadas ao direito civil, penal e processual a serem observadas pelo povo francês; e, as suas implicações para as mulheres foram, como tantas outras, os casos das exigências da virgindade das meninas, assim como o poder opressor dos pais e dos futuros maridos, sobre as meninas e as futuras mães.
Porém, o Ensaio tem um valor epistemológico pela sua crítica social à vida privada moderna capitalista, devido a sua inspiração na compreensão de que o privado está relacionado ao político; mas, sem desmerecer as particularidades. Isto porque seu interesse pelo Documento analisado recaiu menos sobre a questão do suicídio como tal e mais sobre sua crítica radical da sociedade burguesa como forma de vida "antinatural".
Vai mais além quando afirma que é no contexto da sociedade moderna, burguesa capitalista, que é um deserto, habitado por bestas selvagens, que Marx explica o desespero e o suicídio. E que cada indivíduo está isolado dos demais - um entre milhões -, numa espécie de solidão de massa. Assim, as pessoas agem entre si como estranhas, numa relação de hostilidade mútua: nesta sociedade de luta e competição impiedosa, de guerra de todos contra todos (Hobbes), somente resta ao indivíduo ser vítima ou carrasco, na lógica da competição capitalista.
Entretanto, tal como na época de Marx (Século XIX), nossas políticas e comportamentos éticos se ajuízam no sentido de resolver os problemas da população empobrecida com migalhas e caridades religiosas, a qual refere-se sarcasticamente aos filantropos burgueses que pensam que vivem no melhor dos mundos possíveis. Ainda mais, quando analisam que o suicida não passam de um "débil lenitivo para o sofrimento", apenas. Uma correta compreensão do suicídio não pode limitar-se a causas puramente psicológicas (Freud), tampouco reduzir este fenômeno a uma variável condicionada por fatos sociais exteriores ao indivíduo (Durkheim). Mas, todavia, como um ato extremo da multifacetada alienação do Homem sob o capital, quando o suicídio possui o alcance de uma renúncia do indivíduo a uma existência inautêntica (Heidegger), apartada do gênero humano.
Então, suas raízes não se encontram, portanto, em nenhuma individualidade ou sociedade cristalizadas, mas sim no âmago daquele vivo e sempre mutável complexo de categorias que denomina-se de ser social.
E o que propõe Marx, além da crítica da sociedade burguesa, é a de não se limitar à questão da exploração econômica; mas, a de assumir um amplo caráter social e ético, incluindo todos os seus profundos e múltiplos aspectos opressivos que a envolvem. Isto porque a natureza desumana da sociedade capitalista fere todos os indivíduos das mais diversas origens sociais. Entretanto, as vítimas preferencialmente desses atos de desespero e suicídio são sempre as mulheres.
Por isso, Marx traz a característica de denunciação direta, indignada, contra o patriarcado e a opressão das mulheres. Além do que conta algumas histórias de mulheres que se suicidaram, quando foram levadas pela sua família ou seu marido à opressão patriarcal, pela transformação da mulher em objeto, como parte do patrimônio, como propriedade privada do pai ou do marido.
Assim, o suicídio deve ser considerado significativo, sobretudo como sintoma de uma sociedade doente, que não podem ser suprimidos sem uma transformação radical da estrutura social e econômica. É o que faz do Ensaio ser uma obra que teve grande influência no feminismo contemporâneo, quando leva Marx a adentrar na vida privada, das angústias da existência mediada pela propriedade e pelas relações de classe, e que antecipa temas como o direito ao aborto, o feminismo e a opressão familiar na sociedade capitalista. Trata-se de uma bandeira do feminismo, que sempre coloca a luta contra toda a opressão às mulheres.
Da mesma forma acentua-se, mais uma vez, a sua excepcionalidade, que traz a polêmica e a crítica necessária contra a estrutura patriarcal da sociedade burguesa, da família burguesa, no qual as mulheres são tão oprimidas, assim tão esmagas, tão desprezadas, que elas acabam, em alguns casos, se suicidando.
Diante disso, quando Marx toma o suicídio como essa última expressão da opressão da mulher, demonstra que não era indiferente às questões de gêneros, afirmando ser um fenômenos independente da classe social a que pertencia. E, ao mesmo tempo, orienta a um movimento político imprescindível para a nossa sociedade: - a transformação radical do regime de produção capitalista. Pois, sem o qual, não vamos transformar as relações sociais, no sentido de uma radical emancipação humana.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MARX, Karl. Sobre o suicídio. São Paulo:Boitempo, 2006.
Geralmente quem tenta fazer suicídio,são gritos de pessoas que já são consideradas doentes,são pedidos de socorro ..... algumas não admite que está precisando de ajuda outras preferem suicídio doq pedir ajuda. Essas pessoas sentem - se um vazio dentro delas, acham que não são ultis, significa que tem algum trauma na sua infância e vivendo sempre com medo de algo,onde a maioria delas preferem cometer suicídio doq se abrir ou contar oq está sentindo.... é muito triste isso. Então vamos prestar mais atenção em está deprimido, existe alguns tipos de sinais que a pessoa tem...temos que ser mais compreensível e ajudar quem precisa de ajuda 🤝 vamos ser fortes 💪
ResponderExcluirMuito bom
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