AVALIAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAṚ: UM GRANDE DESAFIO PARA A EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA
AVALIAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAṚ: UM GRANDE DESAFIO PARA A EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA
*Luiz Antonio Sypriano
“O bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento.” (Vygotsky)
O nó górdio da Educação Escolar, e principalmente o da Escola Pública, está na forma como se dá a avaliação dos e das estudantes; isto porque estes que se apresentam nela se caracterizam pela suas multiplicidades, tanto nas dificuldades cognitivas como culturais; assim também nas capacidades e potencialidades (ZDR); entretanto, a Escola não consegue levar em consideração, na organização de seu trabalho pedagógico, a realidade concreta - a vida - de seus estudantes.
Mais do que tudo, além do que se aponta nas dificuldades para se lidar com a realidade diversa e complexa dos e das estudantes, há um outro grave problema nas Escolas, qual seja, a falta de estruturas necessárias para a consecução de suas finalidades, quando se encontra em um processo de sucateamento, e, ainda mais, na redução de recursos humanos, e, ainda pior, em condições extremamente precarizadas está a formação docente.
Isto porque a falta de recursos públicos é o determinante, assim como o devido investimento necessário para a Educação Pública, quando impedem a qualificação dela e o melhor desenvolvimento do ensino aprendizado aos estudantes.
Por conseguinte, o que está acontecendo nas Escolas Públicas, como resultado do que se apontou, impacta na forma de ensinar. Além disso, foi retirado da Escola a sua função precípua que é o ensino das Ciências e o seu instrumento primordial, que é a Pedagogia, ou seja, a ciência da Educação, que, por conseguinte, impacta na avaliação, enquanto ferramenta preponderante para conhecer melhor as dificuldades e as potencialidade dos seus estudantes (ZDR)
Diante desse quadro, as ações recorrentes educativas nas Escolas visam apenas manter os estudantes nas escolas, com recursos “motivacionais” de agrados e caridades religiosas, ou, apenas, no fazer de atividades que lhes garantem uma “nota” boa, quando lhes contribuem para o "avanço" no ensino, porém não lhes qualificam realmente no aprendizado.
Entretanto, sabe-se da importância da Escola, enquanto instituição de formação da comunidade, para as Ciências e, portanto, para a convivência social - enquanto comunidade escolar -, por se tratar das inúmeras categorias de pessoas envolvidas. É tratada como uma herança das famílias empobrecidas para os filhos, a educação, porém, não garante o pleno desenvolvimento social delas.
Por sua vez, sabe-se da importância da Pedagogia para a Escola, que lhe confere os instrumentos científicos institucional, e que é possível identificar duas grandes tendências estruturantes, que se subdivide em outras, cuja a Escola deve se decidir por uma delas, de acordo com a sua política, quais sejam:
1.Liberais: Tradicional, Escola Nova: Diretiva e Não Diretiva e Tecnicista.
2.Progressistas: Libertária, Libertadora e Histórico Crítica.
Por conseguinte, ao se fundamentar na ciência da aprendizagem, a Educação Escolar se vincula à alguma corrente teórica; assim, em termos de Pedagogia, seleciona-se a Histórico Crítica, fundamentada nas pesquisas de Lev Vygotsky (1896-1934)
Entende-se que a teoria é essencial para orientar o ensino aprendizado, e, da mesma forma, que possibilita a aplicação prática desses conhecimentos, objetivando a melhoria da interação entre educador e educando na sala de aula, considerando-se um aspecto importante para a qualificação da aprendizagem no ensino escolar.
Isto porque uma teoria da aprendizagem é uma tentativa de descrever o que acontece quando se aprende e como se aprende. Em psicologia e em Educação, são diversos os modelos ou padrões que visam explicar o processo de aprendizagem pelos indivíduos.
A que se selecionou, como já dito, foi a conhecida sociointeracionista, de Vygotsky, a que defende a ideia de contínua interação entre as mutáveis condições sociais e a base biológica do comportamento humano; quando é destacada, portanto, a importância da categoria pedagógica do professor como modelo e como elemento chave nas interações sociais do estudante - o agente da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDPx).
Na teoria em estudo, o objetivo geral da educação é o desenvolvimento da consciência construída culturalmente. Em resumo, o processo de desenvolvimento é a apropriação ativa do conhecimento disponível na sociedade em que a criança nasceu (ZDR). Por isso, será preciso que ela aprenda e integre em sua maneira de pensar o conhecimento da sua cultura, cujo funcionamento intelectual mais complexo se desenvolve graças a regulações realizadas por outras pessoas que, gradualmente, são substituídas por autorregulação (ZDPx).
Para Vygotsky, o aprendizado orientado para níveis de desenvolvimento que já foram atingidos, é ineficaz do ponto de vista do desenvolvimento global da criança. Por isso, propõe a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDPx) que define a distância entre o nível de desenvolvimento real (ZDR) - o concreto vivido-, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda e o nível de desenvolvimento potencial (ZDPo), que é alcançado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro (outra criança), mas, de forma autônoma, com sua própria capacidade aprendida.
Portanto, é a série de informações que a pessoa, na interação com o adulto (ZDPx) tem a potencialidade de aprender, mas ainda não completou o processo, dos conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis.
Essa proposta traz uma nova fórmula, a de que o bom aprendizado é somente aquele que se adianta ao desenvolvimento; para tanto, necessita de uma avaliação diagnóstica precisa e científica da criança, sem a perda de sua cultura da vida concreta (ZDR).
Um Plano para a Avaliação discente, será preciso identificar o ano/série da Turma de estudante, o(s) Componente(s) Curricular(es) no qual será feito a avaliação, como seu objetivo de aprendizagem, assim como o seu Descritores; em que se propõem os Critérios de Aprendizagem, e o instrumento adequado à avaliaçãọ; daí a necessidade de um enunciado para a questão, a fim de orientá-la com clareza e objetividade. Mas, só será possível a realização plena de forma interdisciplinar, juntamente com as equipes pedagógicas e a direção da escolar.
Por fim, pode-se dizer, com C. C. Luckesi (1943-), que todos os instrumentos de avaliação, que contribuem para a coleta de dados dos estudantes são úteis; porém, desde que sejam adequados aos objetivos de avaliação, isto é, que sejam adequado às necessidades e ao objetivo da ação educativa, por isso devem ser elaboradas segundo as regras da metodologia científica, para a consecução de sua finalidade precípua.
Pelo fato de que a Avaliação é sempre diagnóstica e, por conseguinte, processual, porque serve para que o trabalho docente se faça para o desenvolvimento do aprendizado discente, assim como contribui para a superação das suas dificuldades, no processo escolar, para a sua autonomia e formação humana e profissional. E, por conseguinte, por assim dizer, se superará o senso comum pedagógico escolar.
*(Professor de Filosofia da Seed-Pr)
Muito bom
ResponderExcluirAgradeço pela leitura e a motivação; vai o meu abraço.
ExcluirMaravilhoso . A educação é tudo.
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