A Ideologia do Fundamentalismo Religioso nas Escolas Públicas para a Constituição da Ética Estudantil

 A Ideologia do Fundamentalismo Religioso nas Escolas Públicas para a Constituição da Ética Estudantil

*Luiz Antonio Sypriano


O fundamentalismo religioso, pela sua ideologia, vem se manifestando de diversas formas nas escolas públicas, trazidas por estudantes seus fiéis, quando buscam impor suas crenças, valores e visões de mundo de maneira rígida e dogmática, da mesma forma influenciar a comunidade escolar com a promoção de ideias conservadoras, com a resistência às práticas pedagógicas inclusivas e na disseminação de discursos de ódio.

Essa imposição da ortodoxia religiosa na Escola pode ocorrer tanto através de retóricas falaciosas quanto de ações que visam moldar o ambiente escolar de acordo com seus princípios; muitas vezes em detrimento da pluralidade de ideias e do respeito à diversidade, especialmente através da negação da diversidade e do questionamento da laicidade do ensino.

Isto porque, pela visão fundamentalista, vem levando estudantes à rejeitarem conteúdos que considerem contrários aos seus “valores”, como a educação sexual, a teoria da evolução ou a história de determinadas culturas ou, até mesmo, às atividades propostas de base científica, como também a promoção de um pensamento crítico.

Por conseguinte, a resistência aos conteúdos curriculares escolares, vem prejudicando o processo de aprendizado e, por conseguinte, a qualidade da educação pública.

O que se propõe, neste artigo, é argumentar que o fundamentalismo religioso, como ideologia, trazida na ética de seus fiéis - estudantes de escolas públicas -, vem gerando discursos de ódio e discriminação contra aqueles que não compartilham suas ideias, incluindo colegas, professores e a própria instituição; por sua vez, a imposição desses valores, tem levado à discriminação e, em casos mais graves, à violência contra aqueles que são considerados diferentes.

Observa-se que a imposição de uma visão única promove um ambiente escolar hostil, com intimidações, exclusões e falta de respeito à liberdade de expressão.

Além do que, o fundamentalismo religioso questiona a separação entre Estado e religião, busca influenciar a escola com seus próprios valores e dogmas, que está gerando tensões e conflitos com a diversidade de crenças presentes na escola.

Por isso que, nas Escolas, está-se dificultando o desenvolvimento de uma visão pluralista e crítica do mundo, limitando o aprendizado e a convivência entre as diferentes perspectivas de pensamentos.

Mas, mesmo diante desse contexto antagônico e contraditório, é importante destacar que a Escola Pública deve ser um espaço de aprendizado e de formação para a cidadania, onde os estudantes possam desenvolver senso crítico e respeito às diferenças.

Por isso, deve-se destacar que os Fundamentos da Escola Pública, quais sejam:

1.A escola deve educar para a formação de cidadãos críticos e conscientes, capazes de analisar as informações de forma reflexiva e de tomar decisões baseadas em valores éticos e morais, de base coletiva.

2.A escola deve ser um espaço de diálogo e convivência, onde os estudantes possam discutir diferentes pontos de vista e aprender a conviver com as diferenças.

3.É importante que a escola promova atividades que combatam o fundamentalismo, como nos debates sobre a importância da diversidade, a análise crítica de discursos de ódio e a promoção da tolerância e do respeito mútuo.

4.Fundamental que a escola pública garanta a laicidade, ou seja, a neutralidade religiosa, assegurando que o ensino religioso seja oferecido de forma pluralista e respeitando a diversidade de crenças dos alunos, se atendo às áreas da cultura e antropologia.

Por outro lado, não se pode dizer o mesmo do Fundamentalismo religioso, que se destaca com os seguintes aspectos:

1.Em casos mais extremos, o fundamentalismo busca fomentar discursos de ódio e discriminação contra grupos religiosos ou ideológicos minoritários, causando um ambiente escolar hostil e inseguro.

2.O fundamentalismo religioso pode gerar resistência à diversidade cultural e religiosa, criando barreiras para a inclusão de alunos de diferentes origens e crenças nas escolas.

3.Algumas vertentes do fundamentalismo religioso defendem a educação domiciliar como forma de proteger seus filhos da diversidade presente nas escolas públicas, o que pode gerar conflitos com a legislação e com o direito à educação.

Exemplos que não nos faltam. Mas, um deles é o do Ensino Religioso, que, praticado de forma fundamentalista, tem levado à formação de ideologias que excluem outras visões de mundo, dificultando o diálogo e a convivência pacífica entre diferentes grupos.

Assim, é necessário que as escolas promovam o respeito à diversidade, o diálogo e a construção de um ambiente escolar inclusivo; isto porque, a liberdade de crença e expressão é um direito fundamental, mas essa liberdade não pode ser utilizada para justificar a imposição de valores e a discriminação

Pois, o fundamentalismo religioso, por não respeitar o republicanismo da sociedade, vem gerando impactos negativos na formação dos estudantes, por estimular ideologias antagônicas aos valores democráticos, especialmente no contexto da escola pública, que deve ser um espaço de inclusão e respeito à diversidade.

Dito isto, é de fundamental importância que a escola e a sociedade como um todo estejam atentas a essa questão e promovam ações que combatam essa ideologia do fundamentalismo e que promovam a construção de um ambiente escolar mais justo e igualitário para todos e todas os e as estudantes.


*(Professor de Filosofia na Seed-Pr)


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