A MULHER-MÃE NO CAPITALISMO: UMA ABORDAGEM MARXISTA

 A MULHER-MÃE NO CAPITALISMO: UMA ABORDAGEM MARXISTA

*Luiz Antonio Sypriano


Na visão marxista, a mulher-mãe no capitalismo, é frequentemente vista como uma força de trabalho essencial, mas também como uma vítima da exploração e desigualdade, tanto no âmbito da produção como no da reprodução.

Isto porque, no capitalismo, simultaneamente, as mulheres são vistas como parte da força de trabalho e também como responsáveis pelo trabalho doméstico, por conseguinte, são submetidas a uma dupla carga de trabalho e a condições de vida precárias. 

Assim, as mulheres são vistas como responsáveis pelos cuidados com os filhos, pela manutenção da casa, ou seja, pelo trabalho doméstico, que é considerado trabalho invisível e não remunerado.

Nele, as mulheres contribuem para a reprodução da força de trabalho; porém, elas não são remuneradas por ele, são-lhes exigido um trabalho constante e sem descanso.

Para K. Marx (1818-1883) e Engels (1820-1895), reconhecem que as mulheres trabalham no capitalismo e são exploradas, sendo muitas vezes substituídas por homens, crianças e outras mulheres em trabalhos que exigem menos força física, mas que são mais repetitivos e menos valorizados.

A partir dessa relação de exploração com a que sofrem no capitalismo, as mulheres recebem salários mais baixos e enfrentam condições de trabalho mais precárias; além do que são lhes exigido um trabalho mais árduo e prolongado. 

Como explicação da sobrecarga a que sofrem as mulheres, o feminismo marxista aponta que a subordinação das mulheres é um fenômeno que se liga tanto ao capitalismo como ao patriarcado, quando o regime se apropria dessa instituição histórica.

Isto porque, além da mulher ser explorada no trabalho, ocorre também na família e na vida social, onde ela enfrenta obstáculos para exercer seus direitos e para ter acesso à educação, à saúde e à autonomia, ou seja, à sua emancipação enquanto ser humano.

Por conseguinte, precisamos entender que as mulheres precisam lutar por seus direitos e pela emancipação, não apenas no trabalho, mas também na família e na sociedade.

Sendo que a luta contra a discriminação, a desigualdade de salários e a violência contra as mulheres é essencial para alcançar uma sociedade mais justa e igualitária.

Mas, para que as mulheres possam ter acesso à autonomia e à liberdade, é necessário que o trabalho doméstico seja socializado, ou seja, que seja assumido por toda a sociedade e não apenas pelas mulheres.

Isto posto, se faz necessário a criação de creches, escolas de tempo integral e outras políticas públicas que facilitem a conciliação entre o trabalho e a vida familiar, que é mais do que fundamental para a emancipação das mulheres.

Além da necessidade que o tempo do trabalho seja diminuído para que adultos, mulheres e homens, possam se dedicar aos cuidados dos filhos, do bem-estar, da socialização e se apropriarem dos bens culturais.


*(Professor de Filosofia da Seed-Pr).

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