A Industria Cultural Travestida de "Progressista" com Argumentos do Identitarismo no Filme "Barbie" (2023)

O segundo meado do Século XX foi acompanhado pelas meninas brincando com a tal boneca, convencidas  e educadas pela mídia de suas virtudes; mesmo em se tratando de uma boneca - um brinquedo inocente -, trazia o estereótipo de como uma moça, uma mulher, de como deveria se comportar, ou pelo menos: parecer ser.

Já no Filme "Barbie" (2023), pode-se extrair militância, feminismo, distorção dos valores familiares tradicionais etc.; porém, atenua-se à ênfases "críticas", com o sensacionalismo da produção filmográfica; quando soa de forma mais relevante a presença da indústria cultural com sua finalidade precípua: transformar tudo em mercadoria.

A história se passa entre a Barbielândia e a Mundo "Real". O primeiro é um fantasioso país cor de rosa, habitado majoritariamente por diferentes tipos de Barbies e Kens. O segundo é um planeta quase como o nosso, em que uma empresa chamada Mattel lucra milhões vendendo suas bonecas e cujo CEO é puramente um personagem de tiradas cômicas (um tipo habitual na carreira do Will Ferrell), que vende bem seus produtos, da forma mais sarcástica de ludibriar a massa consumista.

Os dois universos se encontram quando uma das Barbies (Margot Robbie) surpreende as amigas com uma pergunta filosófica: "Vocês já pensaram sobre morrer?". As dúvidas existenciais levam Barbie a deixar a Barbielândia, mas um Ken (Ryan Gosling) se esconde no carro conversível da boneca e vai junto. Barbie e Ken, então, descobrem o patriarcado do "Mundo Real".

Assim, ao se fundamentar a análise do Filme na Filosofia de Platão (428-328 a.c.), que foi um filósofo grego importantíssimo, que expôs o famoso Mito (ou Alegoria) da Caverna - basicamente, diz respeito a uma enganação que um grupo de pessoas vivenciou, por acreditar que as sombras na parede dentro dela eram de fato a realidade. Neste caso, Platão instiga o leitor de suas obras a “sair da caverna”, a pararem de encarar as sombras como sendo o verdadeiro mundo.

Pode-se identificar que a crítica do início do Filme é relevante, aparentemente; isto porque, faz a protagonista da "mulher ideal" sair de seu universo, da chamada Barbieland, e conhecer o mundo tal como ele é de fato; aqui seria como se saíssemos da caverna como bem propôs Platão. Mas, para qual realidade se propõe a transpor? Uma vez que a transformação social se dá pela via da revolução, e não por uma simples transposição de "realidades".

Entretanto, saindo de tal caverna da Barbieland, a personagem depara-se com um universo que não é "lindo" e nem "maravilhoso"; quando se dá conta de que está sendo paulatinamente adestrada a ser mais uma peça no quebra-cabeça social, seguindo a massa, as normas, para pertencer a uma classe social subordinada aos interesses do capital - os proprietários privados dos meios de produção.

Tal processo de alienação passa, necessariamente, pela construção da imagem de si, uma imagem que, comprada no mercado capitalista, é ilusória, visto que se expõe mundo a fora, dada as postagens múltiplas nas mais variadas redes sociais - por conseguinte: vendidas.

Sem se preocupar com questões reflexivas profundas, vai-se de encontro ao ceticismo e, até mesmo, mergulhando na angústia sobre o que é a vida, trazidas por questões rasas, como a de como nos devemos comportar, por que a necessidade de ser aceito e tantas outras questões que só trazem mais e mais angústias, devido a falta de conhecimento e, portanto, de consciência sobre o que é a realidade.

Isto posto, o Filme é uma espécie de compilação de piadas e ironias sobre a própria Bárbie, e sobre Ken, com estereótipos propagados pela boneca e seus derivados, desde que a empresa americana Mattel lançou sua primeira versão, em 1959 — em modelos loura e morena, ambas vestindo maiôs de listras brancas e pretas.

O problema é que, no fim, Barbie não consegue nem uma resposta satisfatória para a pergunta mais simples de sua jornada de autoconhecimento. "Quem é Barbie?": a única conclusão possível é a de que se trata de um brinquedo que garantiu pelo menos mais duas décadas de popularidade.



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